terça-feira, 3 de agosto de 2010

Narrativas

Ela depositou todos os seus sonhos em alguém mais uma vez. Ele parecia tanto com um príncipe encantado, ele agia como um, falava como um, era o mais próximo que ela havia visto de um, então ela se convenceu de que ela o havia encontrado. Ela só esqueceu que príncipes não existem, e por trás do seu conto-de-fadas só poderia haver drama ou comédia, era só escolher, talvez um pouco de conto erótico, tudo dependia pra onde ela iria levar.

Cansada dos contos eróticos, dos dramas e das comédias ela se esforçou pra protagonizar um romance, mas não reparou que ninguém a veria como a mocinha e era tarde demais pra mudar uma história cujo começo já estava escrito.

Seu príncipe partiu seu coração, mas ela insistiu, confundiu coragem com cabeça-dura e achou que era uma heroína. Se convenceu de que outra que era a vilã, loiras sempre são, e não olhou direito para o seu personagem. Na segunda gafe do príncipe ela viu seu conto destruído e os rumos de drama que a estória havia tomado. Pensou em todas as possibilidades, inclusive em transformá-la em roteiro de telenovela mexicana, como choros, escândalos, exposições e nomes compostos, mas ela não suportaria uma dublagem mal feita da sua vida. Então percebeu que aquele conto de fadas, sem príncipe, sem princesa, sem seres encantados, na verdade não era. Chegou no máximo a ser um piloto de seriado americano, um projeto falido. Nem ela investiria na sua estória. Cansada desses gêneros resolveu abandonar e ir atrás de algo novo.

Quem sabe um dia sua vida se transformaria em poesia.

Um comentário:

  1. e você é pura crônica
    o ditar dos acontecimentos cotidianos

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